terça-feira, 26 de março de 2013

As Aventuras do Meu compadre d'água em cordel

 AS AVENTURAS DO MEU COMPADRE D’ÁGUA – EM CORDEL


 O que há na terra existe na água também e ninguém pode duvidar.(Seu  Souza - Contador de Histórias)



Há muito tempo quando Rio São Francisco era fundo e as suas águas causavam grandes enchentes vivia por aqui um ser encantado conhecido como Nego d’água –  na verdade ele era um garoto danado como outro qualquer, o que o tornara diferente era a sua maneira de viver e ver mundo através das águas, isto sim, era mágico.
Ele era pequeno, negro, da cabeça pelada e redonda, que brilhava como espelho. O Nego d'água morava no perau, na parte funda do rio que não dava pé, fazia uma toca cavada  e lá improvisava sua morada para não entrar água e nem nada.
O Nego d’água adorava fazer brincadeiras com os pescadores, vivia a assustá-los, provocando medo e terror. Os pescadores costumavam respeitá-lo, ter simpatia ou fazer um pacto com esse famoso habitante do Velho Chico.
Para começar ele não gostava de ser chamado de Nego d’água era ofensa e falta de respeito, era para chamá-lo de Compadre d’água.
Um dia seu Miliano saiu para pescaria, viajou um dia inteiro para o peixe poder pescar.
A noite todos os pescadores se juntaram no acampamento para comer peixe assado e jogar conversa fora. Numa dessas conversar o tal Nego d’água apareceu, foi então que João Mandim perguntou:
_ Nego d’água existe ou não existe? Perguntou dando risadas.
Todos deram risadas também.
_Existe com toda certeza ... respondeu em versos seu Miliano.
_Vou contar para vocês uma história que me sucedeu, não digam que é mentira, pois tal fato aconteceu . Eu vi com esses olhos que um dia a terra a de comer. 
_Sair para uma pescaria lá pelos lados de Morro Pará, o rio tava fundo e o nego estava a aparecer por lá. Só ouvia os comentários das traquinagens que ele andava a aprontar. Até então não acreditava, pois eu nunca tinha visto, desfazia todo instante do acontecido. 
_Pensei e resolvi desafiar o Nego d’água
De manhã cedo acordei, fui colocar a minha rede para o peixe poder pescar e prometi um quilo de fumo para o Nego me ajudar. De tardinha voltei, para minha surpresa a rede estava cheia de peixe e muito contente fiquei. 
_Mas, a promessa não cumprir e desfiz do Nego d’água
_Esse nego não existe era estória para boi dormir, a sorte era minha, usei da minha sabedoria e pesquei o maior peixe que existia. E zombei do  Nego d’água  - esse bicho não existe e se existe eu quero ver – foi o suficiente para o fato acontecer. Novamente sair para pescar coloquei a minha rede e mais tarde fui buscar. Tive um grande susto, pois a rede estava cortada, bem certinha em duas bandas como se tivesse sido cortada por uma faca amolada. Fiquei atordoado, não acreditava no que havia acontecido o Nego d’água havia aparecido. Insultei o danado e passei a ser perseguido. As minhas redes ele cortou e o meu barco segurou com a força de quatro homens, fiquei preso por muitas horas, só consegui sair depois de cumprir a promessa que prometi.
_E foi desse modo que passei a acreditar. E de Nego d’água nunca mais eu vou chamar.



Em memória dos pescadores Seu Miliano e João Mandim.

Por: Markileide Oliveira


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