sábado, 11 de janeiro de 2014

A SERPENTE DA ILHA DO MIRADOURO - Conto popular



Markileide Oliveira
Markileide Oliveira - Pesquisadora



A LENDA DA SERPENTE DA ILHA DO MIRADOURO





 Por: Markileide Oliveira




O rio São Francisco é cheio de muitas histórias pra lá de curiosas. Dizem que lá pelas bandas da Ilha Miradouro existe uma enorme serpente encantada, uma cobra gigante que foi trancafiada dentro da igreja.

Os mais velhos contam que a serpente era uma linda moça que morava naquela ilha. Desde muito pequena ia tomar banho de rio, isso era o que ela mais gostava de fazer.

Todos os dias ao pôr do sol a bela jovem ia ao encontro das águas, todos admiravam a sua formosura e a sua alegria.

A sua beleza encantadora chamava atenção por onde passava.

Um dia a moça conheceu um belo rapaz, um jovem tropeiro, viajante que havia chegado para festa da padroeira Senhora Santana do Miradouro.

Os dois viveram um romance passageiro, um amor que mudaria o destino daquela moça inocente.

...

O festejo acabou.

E o tropeiro deu adeus à menina das águas.

De longe ela observava o seu amor desaparecer no caminho. As lágrimas molhavam o seu lindo rosto e caiam se misturando as águas do rio que tantas vezes fizera feliz.

No decorrer dos dias a tristeza tomou conta daquela jovem. O que era para ser uma bonita história de amor passou a ser um tormento.

Angustiada com as mudanças que vinham ocorrendo no seu corpo, ela não mais saia casa, os banhos de rio, que tanto gostava, agora só quando não havia mais ninguém.

O sol não mais se pôs do mesmo jeito.

E o tempo foi passando, passando ...

E a moça não conseguiu esconder o fruto daquele amor proibido. Sentindo muitas dores ela correu em direção ao rio. Nas suas margens ela deu a luz ao seu filho e por medo o entregou as águas.

Pelos mistérios que habitam o rio São Francisco a criança sobreviveu.

Contam os mais velhos que aquela criança foi transformada numa cobra pequena. Um bicho que não fazia mal a ninguém. O seu único desejo era mamar no seio da sua mãe. Por isso, passou a viver nas águas que banhavam a ilha do Miradouro.

Muitas pessoas observam aquela cobra que a princípio causava medo, mas se a observasse atentamente percebia que ela tinha algo diferente dos outros seres da sua espécie.

Ela tinha um olhar de gente.

....

Foi então, que a Igreja em comunidade decidiu realizar uma missa na Igreja de Senhora Santana, uma celebração que mudaria a história daquele lugar.

Como é de costume nas comunidades ribeirinha o padre convidou a todos, principalmente as mulheres, todas eram para participar de uma missa especial.

Ninguém sabia, mas no dia marcado, iria solucionar o problema que aguçava a curiosidade de todos.

No dia da missa a Igreja estava repleta de pessoas, vindas de todos os lugares, muitas mulheres, crianças, homens e idosos, todos muitos ansiosos para assistir a celebração. Havia barulho por todos os lados, murmurinhos de que a cobra iria aparecer.

O padre então pede silêncio.

_SILÊNCIO! Que vou começar a missa.

 Pede silêncio e solicita aos homens que estes deem seus lugares às mulheres, naquele dia em especial eram elas que deveriam estar presente dentro da igreja.

Novamente pede silêncio porque aquele dia não é igual aos outros.

De portas abertas para o rio São Francisco o padre convida a cobra para entrar na igreja causando uma tremenda confusão, pois muitas pessoas tinham pavor e medo.

Com autoridade o Padre fala:

_Esta cobra não fará mal a ninguém, ela apenas irá procurar a mãe dela.

Dito estas palavras a cobra saiu rastejando nos pés das mulheres.

Quem poderia ser a mãe de uma cobra? Perguntavam-se todos.

A moça das águas estava escondidinha no cantinho da igreja, com medo do que iria acontecer com ela naquele momento.

A cobra parou diante da sua mãe, olhou profundamente e em seguida subiu ao seu colo.

O padre aproximou-se dela e disse:

 _ Ponha o seio para fora e dê mamar ao seu filho.

Por um momento ela se recusou, mas o instinto maternal falou mais alto e ela fez cumprir o seu destino.

A cobra novamente voltou a ser uma criança e a sua mãe fora transformada numa grande serpente e foi trancafiada no porão da igreja.

contadora de história
Dona Raimunda - Contadora de Históriada Ilha da Canafista
contadora de história
Dona Maria Brito - Contadora de História da Ilha do Guaxinim
Contadora de história
Dona Angélica - Contadora de história da Ilha do Paulista

Contadora de História
Dona Moreninha - Contadora de História da Ilha do Miradouro

6 comentários:

  1. É sempre bom ter essas histórias, registradas. Atualmente poucos na sede do município ouvem essas histórias... Sinceramente, ouvi minha avó falar delas, mas não consigo repassar, pq faz muito tempo q ouvi... ter registrada, guarda um pedaço da cultura de nossa cidade! Parabéns pela iniciativa!

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    1. muito bom tenho 93 anos e eu estava no dia da missa não dava para acreditar não dava nem para fechar o olho

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  2. Como pode existir gente em pleno 2017 acreditar numa MENTIRA dessas?

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    1. é crença,lenda,cultura,nunca foi criança ?

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    2. Acredito que você vive um mundo a parte, baseado na superficialidade do mundo moderno, não consegue perceber que as histórias da cultura popular existem porque a realidade não basta... Ao estudar História você perceberá que base do somos hoje é pautada na preservação da memória e da cultura... Espero que compreenda o que estou querendo dizer.

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