Markileide Oliveira - Pesquisadora |
A LENDA DA SERPENTE DA ILHA DO MIRADOURO
Por: Markileide Oliveira
O rio São Francisco é cheio de
muitas histórias pra lá de curiosas. Dizem que lá pelas bandas da Ilha
Miradouro existe uma enorme serpente encantada, uma cobra gigante que foi
trancafiada dentro da igreja.
Os mais velhos contam que a
serpente era uma linda moça que morava naquela ilha. Desde muito pequena ia tomar
banho de rio, isso era o que ela mais gostava de fazer.
Todos os dias ao pôr do sol a
bela jovem ia ao encontro das águas, todos admiravam a sua formosura e a sua
alegria.
A sua beleza encantadora chamava
atenção por onde passava.
Um dia a moça conheceu um belo
rapaz, um jovem tropeiro, viajante que havia chegado para festa da padroeira
Senhora Santana do Miradouro.
Os dois viveram um romance passageiro,
um amor que mudaria o destino daquela moça inocente.
...
O festejo acabou.
E o tropeiro deu adeus à menina
das águas.
De longe ela observava o seu
amor desaparecer no caminho. As lágrimas molhavam o seu lindo rosto e caiam se
misturando as águas do rio que tantas vezes fizera feliz.
No decorrer dos dias a tristeza
tomou conta daquela jovem. O que era para ser uma bonita história de amor
passou a ser um tormento.
Angustiada com as mudanças que
vinham ocorrendo no seu corpo, ela não mais saia casa, os banhos de rio, que
tanto gostava, agora só quando não havia mais ninguém.
O sol não mais se pôs do mesmo
jeito.
E o tempo foi passando, passando
...
E a moça não conseguiu esconder
o fruto daquele amor proibido. Sentindo muitas dores ela correu em direção ao
rio. Nas suas margens ela deu a luz ao seu filho e por medo o entregou as
águas.
Pelos mistérios que habitam o
rio São Francisco a criança sobreviveu.
Contam os mais velhos que aquela
criança foi transformada numa cobra pequena. Um bicho que não fazia mal a
ninguém. O seu único desejo era mamar no seio da sua mãe. Por isso, passou a
viver nas águas que banhavam a ilha do Miradouro.
Muitas pessoas observam aquela
cobra que a princípio causava medo, mas se a observasse atentamente percebia
que ela tinha algo diferente dos outros seres da sua espécie.
Ela tinha um olhar de gente.
....
Foi então, que a Igreja em
comunidade decidiu realizar uma missa na Igreja de Senhora Santana, uma celebração
que mudaria a história daquele lugar.
Como é de costume nas
comunidades ribeirinha o padre convidou a todos, principalmente as mulheres, todas
eram para participar de uma missa especial.
Ninguém sabia, mas no dia
marcado, iria solucionar o problema que aguçava a curiosidade de todos.
No dia da missa a Igreja estava
repleta de pessoas, vindas de todos os lugares, muitas mulheres, crianças,
homens e idosos, todos muitos ansiosos para assistir a celebração. Havia
barulho por todos os lados, murmurinhos de que a cobra iria aparecer.
O padre então pede silêncio.
_SILÊNCIO! Que vou começar a
missa.
Pede silêncio e solicita aos homens que estes
deem seus lugares às mulheres, naquele dia em especial eram elas que deveriam
estar presente dentro da igreja.
Novamente pede silêncio porque
aquele dia não é igual aos outros.
De portas abertas para o rio São
Francisco o padre convida a cobra para entrar na igreja causando uma tremenda
confusão, pois muitas pessoas tinham pavor e medo.
Com autoridade o Padre fala:
_Esta cobra não fará mal a
ninguém, ela apenas irá procurar a mãe dela.
Dito estas palavras a cobra saiu
rastejando nos pés das mulheres.
Quem poderia ser a mãe de uma
cobra? Perguntavam-se todos.
A moça das águas estava
escondidinha no cantinho da igreja, com medo do que iria acontecer com ela
naquele momento.
A cobra parou diante da sua mãe,
olhou profundamente e em seguida subiu ao seu colo.
O padre aproximou-se dela e
disse:
_ Ponha o seio para fora e dê mamar ao seu
filho.
Por um momento ela se recusou,
mas o instinto maternal falou mais alto e ela fez cumprir o seu destino.
A cobra novamente voltou a ser
uma criança e a sua mãe fora transformada numa grande serpente e foi
trancafiada no porão da igreja.
Dona Raimunda - Contadora de História | da Ilha da Canafista |
Dona Maria Brito - Contadora de História da Ilha do Guaxinim |
Dona Angélica - Contadora de história da Ilha do Paulista |
Dona Moreninha - Contadora de História da Ilha do Miradouro |
É sempre bom ter essas histórias, registradas. Atualmente poucos na sede do município ouvem essas histórias... Sinceramente, ouvi minha avó falar delas, mas não consigo repassar, pq faz muito tempo q ouvi... ter registrada, guarda um pedaço da cultura de nossa cidade! Parabéns pela iniciativa!
ResponderExcluirmuito bom tenho 93 anos e eu estava no dia da missa não dava para acreditar não dava nem para fechar o olho
ExcluirObrigada....
ResponderExcluirComo pode existir gente em pleno 2017 acreditar numa MENTIRA dessas?
ResponderExcluiré crença,lenda,cultura,nunca foi criança ?
ExcluirAcredito que você vive um mundo a parte, baseado na superficialidade do mundo moderno, não consegue perceber que as histórias da cultura popular existem porque a realidade não basta... Ao estudar História você perceberá que base do somos hoje é pautada na preservação da memória e da cultura... Espero que compreenda o que estou querendo dizer.
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